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Santa Paulina: um coração missionário universal

“Vai, vai missionário do Senhor” é assim que se sente o/a missionário ao perceber-se envolvido pelo olhar profundo e atraente de Jesus, ao ser enviado/a para a missão entre seus irmãos e irmãs, nas diversas realidades, sente em seu coração uma alegria profunda e contagiante.

Em sua Carta para o dia Mundial das Missões, o Papa Francisco, nos apresenta três expressões que fundamentam a ação missionária da Igreja. “1. Sereis minhas testemunhas; 2. Até aos confins do mundo; 3.  Recebereis a força do Espírito Santo”. 

1. Sereis minhas testemunhas – A chamada de todos os cristãos a testemunhar Cristo.

Todos somos enviados/as para testemunhar o amor e a ação de Jesus no mundo, assim como os discípulos foram enviados, com a força do Espírito Santo, para testemunharem a Ressurreição e encorajar os cristãos a viverem o cristianismo, mesmo em meio às perseguições, os cristãos do mundo são encorajados a fazer-se discípulos, testemunhando por sua vida pessoal, o amor a Igreja e o compromisso de ajuda para com os irmãos que sofrem. Um detalhe chama nossa atenção – o convite está no plural. A forma plural, vós sereis, acena para a missão em conjunto, em comunidade, caminhando juntos, numa Igreja sinodal. Evangelizar é missão da Igreja. “São enviados por Jesus ao mundo não só para fazer a missão, mas também e sobretudo, para viver a missão que lhes foi confiada; não só para dar testemunho, mas também e sobretudo, para ser testemunhas de Cristo”. (Carta para o Dia Mundial das Missões 2022).

2. Até aos confins do mundo – a atualidade perene de uma missão de evangelização universal.       

Ao exortar os discípulos a serem as suas testemunhas, o Senhor ressuscitado anuncia onde serão enviados: “Em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo” (At 1, 8) Entende-se confins do mundo, como sendo as regiões mais distantes e de maior sofrimento.  Papa Francisco, desafia-nos a assumir atitudes concretas na defesa e promoção da vida de nossos irmãos e irmãs. Hoje aumenta em nosso meio o número de refugiados, em função da guerra entre Ucrânia e Rússia e tantas outras. Afirma, o Papa Francisco (2022),

“A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará «em saída» rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanas «de confim», para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social”. (Carta para o Dia Mundial das Missões 2022)

3. Recebereis a força do Espírito Santo– Deixar-se sempre fortalecer e guiar pelo Espírito

Jesus não deixa seus discípulos sozinhos, envia-lhes o Espírito Santo para ser-lhes consolo, orientação e iluminação. “Ao anunciar aos discípulos a missão de serem suas testemunhas, Cristo ressuscitado prometeu também a graça para uma tão grande responsabilidade: “Recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas” (At 1, 8).   Com a vinda do Espírito Santo, os Apóstolos são enviados em missão. Sentem- se fortalecidos e encorajados para ir a todas as nações e povos, anunciar o Evangelho a toda a criatura.   Jesus envia os discípulos para irem a todas as criaturas, especialmente aquelas que mais precisam; os pobres, os marginalizados e tantas pessoas que buscam vida digna. “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês.”  (Mt,29,19). O Espírito Santo é luz a indicar o melhor caminho e animar a caminhada da Igreja.

Também por inspiração do Espírito, a jovem francesa Pauline Jaricot fundou, há 200 anos, a Associação para a Propagação da Fé, colocando em movimento uma rede de oração e coleta para os missionários. Desta iniciativa, surgiu o Dia Mundial das Missões, comemorado anualmente. Papa Francisco também recorda o bispo francês Charles de Forbin-Janson, que iniciou a Obra da Santa Infância para promover a missão entre as crianças. 

Santa Paulina, um coração missionário universal e um agir local é uma grande inspiração missionária para nós Irmãzinhas e para muitas pessoas que pautam sua vivência e compromisso batismal, no seu testemunho de vida.  Desde pequena cuidava de sua Avó doente, repartia o lanche com a amiga na Filanda e era uma menina muito caridosa.  Iniciou a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, cuidando de uma senhora portadora de câncer, atendeu logo à solicitação de cuidar dos idosos e dos filhos de ex-escravos em São Paulo e posteriormente, enviou Irmãzinhas para trabalhar junto aos povos indígenas em Mato Grosso e região.

A missão da Congregação baseia-se no imperativo do Evangelho: “Ide, portanto, fazei que todos os povos se tornem meus discípulos (Mt 28, 19a), nos ideais de Santa Paulina,  em comunhão com a Igreja e em sensibilidade aos sinais do tempo. As Irmãzinhas, conscientes de que o Reino de Deus não tem limites nem fronteiras, estão dispostas a anunciar a Boa Nova de Jesus, imbuídas de espírito evangélico, missionário e profético, enfrentando com firmeza e coragem as estruturas do seu tempo, animadas pelas palavras de Santa Paulina “trabalhar para a glória de Deus… iremos às Índias, ao Alasca, para longe…”

E hoje, marcamos presença missionária em 16 estados do Brasil e em 12 países. Nossa missão é muito ampla. Trabalhamos junto aos leigos/as, na educação das crianças, dos jovens, das mulheres, dos idosos, nas pastorais, com projetos sociais, o cuidado dos doentes, na missão indígena, e em outras obras, para “Tornar Jesus conhecido, amado e adorado por todas as pessoas e em todo o mundo”.

Entre os países, destaco Moçambique, África, em que vivi uma experiência marcante há poucos dias, em visita às Irmãs, formandas e o povo deste País.  Com seu dinamismo missionário a CIIC está presente neste País, há 30 anos.  Com muita alegria as Irmãs testemunham o crescimento e conquistas da comunidade. Atuam na Pastoral Paroquial com atendimento as crianças, jovens e formação de lideranças. Visitam as comunidades e animam a vida missionária.  Também atuam na Saúde comunitária e na Educação. Para seu autossustento trabalham na “Machamba” roça cultivando arroz, feijão, amendoim, milho, batata, cebola, mandioca e outros.

            Na Provincia de Maputo, a Congregação marca presença no Centro de Acolhimento Missão São Roque, atendendo crianças órfãs de famílias carentes e de situações de vulnerabilidade social, proporcionando-lhes formação humana, espiritualidade, saúde, a educação formal e informal e lazer. A caminhada é de crescimento e de sonhos. Já são 10 Irmãzinhas Moçambicanas escrevendo uma linda história. E muitas jovens que se encantam com o testemunho missionário das Irmãzinhas.  Muita gratidão a Deus que chama para esta bela vida de doação e consagração inspiradas em nossa Santa Fundadora!

O Espírito Santo é o verdadeiro protagonista da missão;

“Por isso cada discípulo/a missionário/a de Cristo é chamado a reconhecer a importância fundamental da ação do Espírito, a viver com Ele no dia a dia e a receber constantemente força e inspiração d’Ele. Mais precisamente, quando nos sentirmos cansados, desmotivados, perdidos, lembremo-nos de recorrer ao Espírito Santo na oração”. (Carta para o Dia Mundial das Missões 2022).

O Papa Francisco escreve: “Queridos irmãos e irmãs, continuo a sonhar com uma Igreja toda missionária e uma nova estação da ação missionária das comunidades cristãs”.  

                                                                                                            Ir. Leodi Amalia Bolzan – IIC